Revista LOJAS Papelaria - Edição 262 - page 8

ARTIGO
* AntônioMartinsNogueira
Mudar enquanto
há tempo
O varejode papelaria ematerial de es-
critório vem encolhendode tamanho
hámais de dez anos. Nemmesmo
nos anos considerados de vacas gor-
das pormuitos, em razãodas políticas
públicas que incentivavam o consumo,
o segmento teve crescimento emnú-
merode empresas, oque sinaliza que
a crise setorial já vemde longa data e
nunca arrefeceu. Nomunicípiode São
Paulo, por exemplo, existiam 4.955
estabelecimentos em2007. Em 2015,
essa quantidade caiupara 3.014, de
acordo comdados da RelaçãoAnual
de Informações Sociais (RAIS). Ou seja,
uma queda nonúmerode empresas
abertas noperíodode 21,81%.
Com o auge da crise atingindo toda
a economia nacional, destacadamente
o comércio, em2016 esse universo certamente deve ter
encolhido ainda commais intensidade.
Motivos para tal fenômeno sãomuitos e afetam todo tipo
de empresa. No entanto, alguns fatores são típicos da
atividade, como o aumentoda concorrência de gran-
des varejistas de outros segmentos, que comercializam
material escolar e de escritório em condições altamente
competitivas, comohiper e supermercados, oque invia-
biliza as operações demicro e pequenas papelarias. Além
disso, o setor conta com uma alta carga tributária, apesar
dodiscursopolíticobatidoda preocupação com a educa-
ção, vide “Pátria Educadora” e as promessas comuns no
horário eleitoral gratuito.
Somente para refrescar umpouco amemória, a incidên-
cia tributária de alguns itens básicos, segundodados do
Instituto Brasileirode Planejamento e Tributação (IBPT),
é a seguinte: apontador, 43,19%; caderno universitá-
rio, 34,99%; caneta, 47,49%; lápis, 34,99%; borracha,
43,19%; papel sulfite 37,77%; régua 44,65%.
Alguns setores do comércio contaram compequena
melhora nas vendas nesse iníciode ano, oque não foi o
casodo varejode papelaria ematerial de escritório. Na
verdade, existe um sentimento comumna categoria de
que houve uma grande retração. Não é paramenos, sem
contar o aumentododesemprego, taxa de juros ainda
elevada e baixa oferta de crédito, o fardo assumidopelos
consumidores no iníciodo ano semostroumuito
pesado: IPTU, IPVA,matrícula escolar etc.
Os empresários continuam acreditandonopoten-
cial do setor e vêmhonrando seus compromissos.
Apergunta: até quando? Semdúvida, é preciso
encontrarmaneiras para reduzir a carga tributária
sobre os itens escolares e
buscarmaneiras para incentivar o consumonas
papelarias, como oCartãoMaterial Escolar, projeto
defendidopelo Simpa-SP desde 2007.
No entanto, esse caminhonão é simples e exige um
maior envolvimento e organizaçãodos varejistas em
relação aos problemas do setor.
Sem uma pressão efetiva sobre a administração
pública, nãohá resultados palpáveis. Comodiria
Aristóteles, uma andorinha sónão faz verão.
Por outro lado, os empresários precisam ficar
atentos a outras formas de divulgar seus produtos e
serviços e adaptar suas operações às exigências do
mercado.
O e-commerce tem sido umdos canais quemais
crescemnopaís.Muitos poderão argumentar que
isso é coisa para grandes players, como Submarino,
Netshoes, Americanas.com etc. Ledo engano; justa-
mente essas empresas, apesar do alto faturamento,
têm amargadoprejuízos. Já os comércios eletrôni-
cos de nicho estão conseguindo resultadosmuitos
expressivos, com operações lucrativas. É preciso
estudar e verificar essas oportunidades abertas que,
diga-se de passagem, não sãopoucas.
* AntônioMartins Nogueira é presidente do
Sindicato do ComércioVarejista deMaterial de
Escritório e de Papelaria de São Paulo e Região
(Simpa-SP) e diretor da Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São
Paulo (FecomercioSP).
“Comerciantes precisam repensar
seus canais emodernizar suas
operações, mas, sobretudo,
aumentar seu envolvimento com
as questões setoriais”
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