Revista LOJAS Papelaria - Edição 293

LOJAS PAPELARIA 31 ência agradou.  O Brasil é um dos países mais conectados no mundo e com enorme potencial para aumento nos negócios online. Estamos tra- balhando para lançar mais três produtos neste ano e, junto com eles, uma nova estrutura web para receber os clientes, bem como reestrutura- ção do time de logística.” O comércio eletrônico foi importantíssimo du- rante este momento, avalia Alexandre Santos, diretor comercial da Styll Baby. “Os pais per- ceberam que as crianças precisavam de entre- tenimento, além da TV e dos jogos eletrônicos, durante este período de isolamento social. Com as lojas físicas fechadas e as pessoas em casa, o e-commerce ajudou a manter as casas abas- tecidas em todos os sentidos.” Para Tamara Campos, gerente de marketing da Xalingo Brinquedos, o crescimento das vendas de brinquedos por e-commerce é um movimen- to muito interessante para o setor. “Com muitas lojas físicas fechadas, a compra por impulso, quando a criança visita a loja e se encanta por alguns produtos - desapareceu.” O mundo inteiro está passando por um momen- to delicado, os pais estão com os seus filhos muitas horas por dia. Essa mudança, confor- me Tamara, permitiu que as famílias buscassem diferentes formas de entretenimento e o brin- quedo ganhou papel relevante neste contexto. “Atividades em família e os brinquedos que estimulam o aprendizado estão em alta. A ga- rotada está brincando muito e o apoio da fa- mília tem se refletido no momento da escolha dos brinquedos. Com as escolas fechadas, o tempo de estudo é reduzido em relação ao ho- rário escolar, com isso sobram horas ao longo do dia para as brincadeiras e a diversão. Os pais têm procurado cada vez mais produtos que mantenham a criança entretida por mais tempo, para que assim eles próprios consigam concluir suas atividades.” Já Fáber Lalucci, diretor da Pais e Filhos Indústria de Brinquedos, avalia que houve um crescimen- to muito expressivo nas vendas, mas sobre um número que era muito baixo. “A venda de brin- quedos e jogos representava muito pouco em e-commerce e com a presença das pessoas em casa, essa compra passou a ser representativa. Mesmo como crescimento das vendas online em 2020, o faturamento do segmento em 2019 no mesmo período foi maior. A crise também atin- giu o nosso segmento com as lojas fechadas.” Indústria nacional A alta do dólar, o custo da mão de obra na Chi- na - que já não é mais tão baixo como antes - e outros fatores ajudaram a indústria nacional a retomar a produção e sua fatia de mercado. Segundo Tamara, de um lado, os brinquedos nacionais também sofrem com o impacto da pandemia, que decretou o fechamento de lo- jas, redução do fluxo de pessoas nas ruas e das jornadas de trabalho. De outro lado, os importados, que também sofrem com a pande- mia, precisam lidar com entregas atrasadas e a alta do dólar. A batalha continua acirrada, mas acredito que este ano dentro do cenário atual, a indústria nacional tem tudo para se destacar e vencer esse jogo.” Mesmo trabalhando com alguns produtos im- portados, a Xalingo tem uma forte produção nacional (85%). De acordo com a gerente de marketing, a instituição permanece muito con- fiante e apostando em seus lançamentos. “Os importados já estão chegando e a companhia estará totalmente abastecida para o Dia das Crianças e o Natal.” Nagano da Grow, avalia que importadores in- dependentes e multinacionais reduziram drasti- camente seus pedidos para a semana da crian- ça. Dessa forma, muitos produtos importados tornaram-se inviáveis com este novo patamar do câmbio. Assim, acredita-se que o varejo re- correrá às indústrias brasileiras para compor o seu portfólio. “Porém não podemos esquecer que haverá uma depressão do mercado con- sumidor pela perda de renda e desemprego. Há, também, muitas incertezas com o retorno efetivo do varejo físico. É bem verdade que os hipermercados aumentaram suas compras, mas mesmo assim, este vetor negativo pode afetar de diferentes formas as vendas das em- presas de brinquedos. No nosso caso, estamos acreditando numa boa semana da criança para a Grow e produzindo de acordo com esta ex- pectativa.” A Pais e Filhos mantem a importação dos itens em linha, mas reduziu lançamentos. “Acredi- tamos que teremos um bom Dia das Crianças para a industria nacional, mas o gargalo será a produção. No início da pandemia tivemos que desmontar parte do time e, agora, estamos acelerando para refazer a equipe e ampliar o time para poder entregar mais no segundo se- mestre”, argumenta Lalucci. Tendências A Pandemia acelerou a mudança de certos hábitos, de acordo com Nagano, de maneira irreversível. “A adoção do comércio eletrônico cresceu e tende a atingir, no brinquedo, níveis abaixo, mas próximos a outros países, tais como nos Estados Unidos e outros da Europa. As lojas físicas menores, com atendimento pes- soal, tendem a crescer neste novo cenário. O canal generalista deve absorver o consumo de brinquedos das classes C e D, menos aderen- tes ao e-commerce. É importante enfatizar que as empresas que têm marcas fortes em jogos cartonados, tais como War, Imagem & ação, Perfil, Lince, Pizzaria Maluca, além de produ- tos de qualidade conhecida pelo consumidor, como os nossos quebra-cabeças acima de 500 peças, tendem a ganhar maior participação de mercado. A tradição e confiança na marca, são trunfos importantes no ambiente de comércio eletrônico.” Lalucci, da Pais e Filhos, acredita em um con- sumo mais consciente, aonde as pessoas bus- carão custo benefício, produtos com qualidade e valor justo, além da união da família e do pra- zer em brincar com um jogo de tabuleiro e um quebra-cabeça que foi redescoberto.  As transformações são inúmeras e passam pela cultura, política, economia, modelos de negócio, relações sociais, psicologia social e a relação com a cidade e o espaço público, entre outras áreas, analisa Tamara, da Xalingo. “Es- pecificamente no consumo de brinquedos, eu acredito que ocorrerá a revisão de crenças e va- lores. Mudanças profundas no comportamento das pessoas, uma mudança do olhar dos pais para seus filhos e brinquedos, e principalmente para o consumo como um todo. Deve acontecer um repensar, será preciso ressignificar o valor concedido às pessoas, repensar o impacto ambiental, a experiência, a necessidade de so- cialização da criança e, principalmente, repen- sar formas de estimular o aprendizado infantil, através da brincadeira. Faz-se necessário um olhar definitivamente diferente para a forma como se gasta o tempo. Repensar a sociedade do consumo como um todo e refletir no que é essencial, principalmente para as crianças, e dentro deste novo contexto, o brinquedo deve ocupar um papel importante no desenvolvi- mento infantil, principalmente o educativo e os jogos em família.”

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