Revista LOJAS Papelaria - Edição 295

28 LOJAS PAPELARIA ARTIGO Em meio a todos os transtornos causados pela pandemia, inovar se tornou a palavra de ordem para empresas e até profissionais autônomos. No susto, do dia para a noite, rotinas foram to- talmente alteradas e pessoas de todo o mundo se viram obrigadas a se reinventar para sobrevi- ver. Por mais difícil que tenha sido nas primeiras semanas, hoje, já começam a surgir relatos que comprovam o quanto as coisas mudaram - e muitas para melhor! Existe um fenômeno na biologia que explica esse efeito, a hormese. Observado pelo to- xicologista alemão Hugo Paul Friedrich, em 1888, o fenômeno revelava que pequenas do- ses de veneno estimulavam o crescimento do fermento. Por outro lado, doses maiores cau- savam prejuízo. De lá para cá, muitas indús- trias, como a de pesticidas, fertilizantes e até medicamentos, se valeram dessa lógica. Não por acaso, existe um senso comum de que o que diferencia o veneno do remédio é a dose. Da mesma forma, podemos concluir que, aqui- lo que não mata, fortalece. E o que isso tem a ver com o momento atual? Tudo! Excluindo, obviamente, a tragédia huma- nitária que a Covid-19 vem causando em todo o mundo, podemos observar que muitas pessoas e empresas usaram o momento ruim para criar oportunidades. Estão surgindo várias reporta- gens com histórias de brasileiros que usaram o auxílio emergencial para abrir seus próprios negócios. Ou seja, a água batendo no nariz fez muita gente se mexer! Pandemia: o que não mata fortalece! * Por Marília Cardoso Isso me lembra o conto da vaca no penhasco. Reza a lenda que mestre e discípulo caminha- vam por uma área muito pobre, quando se de- pararam com uma humilde casinha. Ali, tudo que a família tinha era uma magra vaca leiteira. Sem hesitar, o mestre ordenou que o discípulo empurrasse a vaca no penhasco, acabando com a única fonte de sustento da família. Relutando, o discípulo acabou cumprindo a ordem de seu mestre. Algum tempo depois, o mesmo discípu- lo, andando por aquela região avistou uma bela e confortável residência naquele mesmo local. Curioso e se sentindo culpado pelo destino da- queles pobres coitados, o discípulo se aproxi- mou e perguntou ao novo morador sobre uma família muito simples que morava ali. Para sua surpresa, o morador disse que eram eles mes- mos, e que a família estava estabelecida ali há muito tempo! Então, o homem lhe contou que, em uma noite, um terrível acidente matou a única fonte de sustento da família, a pobre vaca leitei- ra. Sem alternativas, eles tiveram que começar a buscar trabalho. Descobriram suas próprias ca- pacidades e as potencializaram, transformando- -as em fontes inesgotáveis de recursos. Histórias como essa não estão presentes ape- nas nos contos fictícios. Cada vez mais, temos visto o quanto as crises são darwinistas, de- monstrando que os que sobrevivem não são os maiores ou melhores, mas sim os que melhor se adaptam. Mais que isso, aqueles que são capazes de fazer o que a psicologia chama de sublimação, que é transformar algo ruim em algo bom. No popular, costumo chamar isso de transformar limões em caipirinhas. No livro “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, o autor Nassim Nicholas Taleb, descreve o conceito de antifragilidade. Segun- do ele, embora o termo resiliência sejam am- plamente utilizado nos dias atuais, ele não é suficiente. Taleb diz que o resiliente, resiste. O antifrágil supera e, como diz o próprio título da obra, ele tem ainda a incrível capacidade de se beneficiar com o caos. O antifrágil tem consciência de que existem fatores externos, inesperados e incontroláveis. Ele não tenta mapear, prever, prevenir e mi- tigar falhas ou crises. Ao contrário, ele enca- ra as intempéries como algo natural e parte integrante de qualquer processo. Portanto, quando elas acontecem, não são motivo de pânico, estresse ou desespero. O antifrágil busca oportunidades em meio às crises para continuar crescendo. E isso é senso de opor- tunidade, não de oportunismo. E você, se rende aos problemas, é resiliente ou antifrágil? Desejo que a pandemia esteja sen- do uma boa alternativa para você aprender que o que não mata, pode sim te fortalecer e fazer ainda mais forte. Aposte no seu potencial e ar- regace as mangas! * Marília Cardoso é sócia-fundadora da PALAS, consultoria pioneira na implementação da ISO 56.002, de gestão da inovação.

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