Revista LOJAS Papelaria - Edição 296

40 LOJAS PAPELARIA TENDÊNCIAS Os brasileiros estão cada vez mais próximos do ambiente digital. Com a pandemia, ficou ainda mais fácil ver a importância que a internet tem na vida de todos –seja para entretenimento, fa- zer compras ou trabalhar, o fato é que seu uso ganhou proporções ainda maiores com o isola- mento social. Mas, mesmo antes desse período tão intenso, o ambiente digital já era visto com cada vez mais adesão pelos brasileiros para uma atividade de suma importância: a de rea- lizar pagamentos. De acordo com a Minsait Payments, a filial de meios de pagamento da Minsait (uma empre- sa Indra), os brasileiros triplicaram o uso de pagamentos via dispositivos móveis em um ano: em 2018, apenas 8% dos consumidores declararam ter usado esse meio de pagamento no último mês, porcentual que subiu para 21% em 2019, superando até mesmo países como o Reino Unido. As conclusões fazem parte do IX Relatório de Tendências de Meios de Pagamento (faça o do- wnload aqui ) da companhia, apresentado hoje em um webinar. O material apresenta anualmen- te informações sobre a evolução dos meios de pagamento em 11 países da Europa e da Amé- Em um ano, brasileiros quase triplicam o uso de pagamentos via dispositivos móveis Relatório anual de meios de pagamento mostra que há vasto espaço para crescer no Brasil: atualmente, 21% dos brasileiros declara ter usado os chamados pagamentos móveis pelo menos uma vez por mês, percentual que era de 8% no ano passado rica Latina e, para isso, usa dados de mais de 4 mil cidadãos e entrevistas de 45 executivos do setor de meios de pagamento dessas regiões. Ainda de acordo com o relatório, quando di- vididos por categorias (Pagamento NFC, QR code dinâmico, QR code estático e Pagamen- to in-app), é possível ver que os brasileiros têm grande familiaridade com o in-APP – usado por exemplo em aplicativos de transporte e de co- mida –, indicado por 44% dos entrevistados. Também são bastante relevantes os pagamen- tos com QR Code, em detrimento dos NFC (comportamento totalmente inverso ao da Eu- ropa e mais especificamente, do Reino Unido). Considerando o cenário brasileiro na evolução dos meios de pagamento, Ricardo Granados, head da Minsait Payments no Brasil, aponta que a situação no país é desafiadora. “Os nú- meros são excelentes, mas para ter sucesso nesse setor é necessário lembrar que há uma barreira muito grande a ser superada no país: a desconfiança ou irrelevância do recurso para boa parte da população. Além disso, muitos dos entrevistados relataram que a falta de aceitação desse meio de pagamento por estabelecimen- tos comerciais também é uma barreira para seu uso frequente. São fatores que, sem dúvida, vão exigir atenção especial dos empresários espe- cialmente no contexto pós-COVID”, explica. Mas, o setor está longe de sofrer com a falta de interesse de empresas em explorá-lo. De acor- do com o relatório, há uma infinidade de players concorrendo para dominá-lo, sendo a concor- rência mais acirrada entre os fabricantes de dispositivos (respondem por 29% desse merca- do), os bancos (27%) e os meios de pagamento como MercadoPago (27%). “O Brasil tem um grau de evolução de meios de pagamento maior do que o restante da América Latina. Isso pode ser observado quando ana- lisamos, por exemplo, que o cartão de crédito ou débito já é considerado o principal meio de pagamento utilizado por metade dos brasileiros bancarizados, ocupando o lugar do dinheiro físi- co. As transferências também estão crescendo de forma significativa e devem permanecer as- sim, especialmente após a aprovação de novas iniciativas como o PIX”, reforça o executivo. Cartões de crédito já são mais populares do que o dinheiro Em números, o relatório mostra que o uso de cartões de crédito pela população bancarizada no Brasil aumentou significativamente de 2018 para 2019: antes, 47% desse público apontava este como principal meio de pagamento, por- centual que subiu para 52% – ficando acima até mesmo do índice registrado pela América Latina, de 49%. Enquanto isso, o dinheiro físico apresentou queda significativa no mesmo perío- do: em 2018, 40% das pessoas apontavam-no como principal meio de pagamento, porcentual que caiu para 25% no ano seguinte (inferir ao registrado na América Latina em geral, de 31%). Isso pode estar relacionado com a oferta cres- cente de novas instituições financeiras no país. Ainda de acordo com o relatório, o Brasil é o país que cresceu de forma mais significativa em termos de multibancarização (em 2018, 47% das pessoas operavam com mais de um banco, percentual que subiu para 62% em 2019). Ou seja, cada vez mais, os brasileiros são menos “fiéis” a uma instituição financeira só. Para a companhia, isso favorece a entrada de novos players, como grandes empresas de tec- nologias e neobancos, como o Nubank. Além disso, os números mostram uma reação positiva também das instituições ditas ‘tradicionais’, que concordam em cooperar com essas novas em- presas de tecnologia em vez de competir com elas – um ponto de vista corroborado por meta- de dos executivos entrevistados. “No contexto atual, empresas e instituições go- vernamentais têm a oportunidade de orientar os brasileiros em suas transações e reforçar o papel positivo que os pagamentos eletrônicos podem oferecer, principalmente após a pande- mia. Para isso, a comunicação efetiva aos con- sumidores e a orientação aos lojistas podem ser ações-chave para diversificar ainda mais a indústria de meios de pagamento no país, sem correr o risco de banalizar o uso do cartão de crédito”, finaliza Granados.

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