Faber-Castell

Agora, batalha do Blu-ray é pelo bolso do consumidor

27/05/2008 - 00:05
Até janeiro, as vendas dos aparelhos de alta-definição, os substitutos do DVD, esbarravam na indecisão do consumidor. Enquanto a queda de braço entre as fabricantes Sony (que desenvolveu o Blu-ray) e a Toshiba (criadora do HD-DVD) não havia acabado, comprar um dos dois aparelhos tornou-se um verdadeiro jogo de adivinhação. A hesitação era tamanha que, no Brasil, muitos consumidores optaram pela via do meio. Dos cerca de 1 mil a 1,5 mil aparelhos de alta-definição vendidos em 2007, segundo estimativas de alguns fabricantes, metade eram do único modelo híbrido disponível no varejo, equipamento da LG, segundo Alex Silvério, supervisor de produtos de áudio e vídeo da empresa.

A guerra de padrões foi vencida - algo parecido com a disputa entre as tecnologias VHS e Betamax na década de 80. Agora, a batalha é para persuadir o consumidor de que vale a pena desembolsar, em média, cerca de R$ 2.999 para levar um aparelho de Blu-ray para casa. Apesar de ainda assustar muita gente, esse valor já foi maior.

No início do ano passado, o produto custava cerca de R$ 5 mil. "O preço do aparelho de Blu-ray irá demorar entre três a quatro anos para ser mais acessível. O mesmo aconteceu com o DVD, tecnologia lançada em 1997, com preços entre R$ 2,5 mil a R$ 3 mil na época, mas que começou a se popularizar só entre 2000 e 2001, quando ficou abaixo dos R$ 1 mil", diz Silvério. Por enquanto, todos os produtos disponíveis são importados. Mas na guerra pelo preço, a Panasonic "já está negociando com a matriz para produzir o aparelho no Brasil", diz Edmilson Santos, gerente de produto da fabricante.

"A idéia é iniciar a fabricação ainda este ano." A Sony tem planos para fazer o mesmo. "Estamos em negociação. Acreditamos que será um mercado tão grande quanto já foi o do DVD", diz Fernando Schneider, gerente de produto da Sony. Além do preço, outros fatores podem estimular a venda do aparelho. O acesso ao conteúdo é um dos principais fatores. Até o fim do ano passado, os filmes em Blu-ray que chegavam ao Brasil não tinham opção de legenda ou dublagem para o português. Aos poucos, os estúdios estão investindo na importação e aumentando o catálogo. A Warner Home Video, por exemplo, já trouxe todos os títulos do bruxo Harry Potter, que custam entre R$ 99 e R$ 199, e prepara-se para trazer outros filmes a partir de julho. "Acreditamos que o mercado de Blu-ray representará cerca de 10% do mercado de DVD em um ano e 20% em dois anos", diz Rodrigo Drysdale, diretor de marketing da companhia.

A Disney Brasil já tem 25 títulos em Blu-ray no catálogo. Os fabricantes acreditam, também, que ainda este ano seja aberta uma fábrica replicadora da mídia Blu-ray no Brasil. Hoje, todas as mídias são importadas. A grande vantagem da nova tecnologia é a sua capacidade de armazenar cerca de cinco vezes mais informação do que o DVD. Até agora, a capacidade do Blu-ray ainda não é aproveitada em toda a sua totalidade, "mas quando as grandes produtoras começarem a filmar tudo em alta definição, esse espaço terá uma função", afirma Tomas Trabulsi, gerente de negócios da linha áudio e vídeo da Philips do Brasil.

A capacidade da mídia será usada não só pelos estúdios, mas pelos próprios consumidores. Para gravar imagens da televisão digital, será preciso usar o Blu-ray, já que o conteúdo em alta definição requer mais espaço. Santos, da Panasonic, acredita que o mercado do aparelho Blu-ray deve triplicar neste ano.

A ascensão da nova tecnologia coincide com a maturação e o declínio das vendas dos aparelhos de DVD. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, foram comercializados 8 milhões de peças de DVD em 2006. Os fabricantes do setor, no entanto, garantem que houve queda no volume de peças comercializados em 2007, pela primeira vez desde o lançamento do produto.

O mercado brasileiro está aquecido para absorver a nova tecnologia. "Temos, seguramente, um bom mercado de blu-ray pelos próximos dez anos", diz o diretor de marketing da Disney para o Brasil, Hebert Greco. Nem os fabricantes do aparelho nem os estúdios cinematográficos parecem se incomodar com o vídeo sob demanda - uma discussão em curso nos EUA - (ver matéria abaixo).

Para Schneider, da Sony, comprar o download do filme pela internet "não é uma realidade forte no Brasil". Primeiro, porque é restrito para aqueles que possuem banda larga. Depois, lembra o executivo, é possível que o espectador tenha que assistir o filme no computador. Nos EUA, a batalha entre o Blu-ray e o vídeo sob demanda já está acontecendo, segundo Rodrigo Garcia, supervisor de autoração (processo de criação do DVD) da TeleImage, do grupo Casablanca. "Lá, já se pensa em como dar uma sobrevida ao Blu-ray. Eles estão desenvolvendo mídias com mais de 200 gigabytes para gravar filmes em 3D, algo que seria difícil baixar pela web", diz. (Fonte: Valor Econômico - Empresas & Tecnologia)

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