Faber-Castell

Positivo contrata McKinsey para remodelar negócios

08/09/2008 - 00:09
A Positivo Informática está em processo de replanejamento estratégico para definir o que vai oferecer ao mercado nos próximos anos. A maior fabricante de computadores do país estuda três possibilidades. Uma delas é trabalhar com uma produção diversificada, para aproveitar a chamada convergência digital, e isso poderia incluir até a telefonia celular.

Outra idéia é apostar na internacionalização, já que até agora o foco foi o mercado brasileiro. A terceira hipótese é investir na verticalização e passar a vender também componentes para terceiros. Para ajudar a empresa a estruturar o projeto, a direção da Positivo contratou a consultoria McKinsey.

O resultado do trabalho deve ficar pronto em 90 dias. "O mercado brasileiro de computadores cresce tanto que até agora não precisamos ser diferentes, mas temos de saber o que faremos em cinco anos", disse o presidente da companhia, Hélio Rotenberg, que na noite de quarta-feira fez, em Curitiba, palestra a executivos filiados ao Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). "Até quando seremos sustentáveis fazendo o que fazemos?", indagou.

De uns tempos para cá, a Positivo Informática já tem experimentado pequenas porções de cada uma das três estratégias. Na verticalização, passou a produzir, em janeiro, placas de computadores na fábrica de Curitiba e, em julho, começou a fazer monitores em Ilhéus (BA). Se até então saiam de suas linhas de montagem apenas computadores de mesa, agora saem também notebooks (inclusive compactos), impressoras, conversores digitais e tradutores portáteis.

A empresa também tenta fazer sua primeira exportação e está participando de licitação do governo do Uruguai. No processo para aquisição de 100 mil máquinas, a Positivo ofereceu o menor preço (US$ 214 pelo ClassMate PC, portátil idealizado pela Intel), mas perdeu em outros quesitos. Como o resultado foi questionado, uma nova cotação deverá ser entregue dia 8, e o resultado é esperado para o dia 20.

O Uruguai já realizou uma aquisição de 150 mil equipamentos da OLPC, entidade que representa o portátil XO. Enquanto espera o desfecho da venda internacional, o foco da Positivo estará voltado ao consumidor brasileiro. Na próxima semana, a empresa vai inaugurar um espaço, na cidade de São Paulo, para apresentar aos varejistas seus novos modelos de computadores, de olho nas vendas de Natal. "É uma linha revolucionária", diz Rotenberg, sem dar detalhes.

Segundo o executivo, o investimento no desenvolvimento do produto foi alto e levou um ano para que o design ficasse pronto. Na palestra aos executivos, Rotenberg relatou sua experiência pessoal no processo de abertura de capital e no lançamento de ações da Positivo, em dezembro de 2006. Falou sobre as dificuldades de aprender todos os trâmites do processo, que envolve a contratação de auditoria, bancos e advogados, além de decisões sobre quantidade de ações a serem colocadas no mercado e seus valores.

Sobre o "road show" para apresentar a empresa a investidores, afirmou terem sido "os dias mais estressantes" de sua vida. O executivo enfrentou uma bateria de reuniões com potenciais investidores no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Foram cerca de dez reuniões por dia. "A HP e a Dell vão te engolir, foi o que mais ouvimos", contou. "Até agora isso não aconteceu." Ao ser questionado se valeu a pena, Rotenberg disse não ter dúvida de que sim, porque a oferta de ações capitalizou a empresa. Porém, ressaltou que após uma abertura de capital, a rotina da empresa muda completamente, já que é preciso pensar no relacionamento com o conselho de administração, analistas, investidores, imprensa e Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O executivo revelou sua decepção com o preço atual das ações. Elas foram lançadas a R$ 23,50 e chegaram a atingir R$ 46,81, em novembro do ano passado, mas valem agora R$ 11, 20. "Teve uma hora em que desistimos de olhar as ações e focamos na empresa", afirmou, embora mantenha duas telas abertas em seu computador para acompanhar a cotação do dólar e o preço da ação. Aos executivos que ouviram sua palestra, Rotenberg deu um conselho. "Não olhem todo dia o valor da ação, senão vocês ficam loucos. Eu olho, por isso estou quase louco." (Fonte: Valor Econômico)

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