Revista LOJAS Papelaria - Edição 293

LOJAS PAPELARIA 29 Como o varejista pode proteger o caixa e manter o investimento essencial Por Gustavo Carrer* Desde que teve início a crise provocada pela pandemia do coronavírus no país, as vendas no varejo foram tremendamente impactadas. Só no primeiro trimestre elas recuaram 2% em relação ao quarto trimestre do ano passado, como apontou o Instituto Brasileiro de Geogra- fia e Estatística (IBGE). Alguns setores, como o varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, as vendas no mesmo período di- minuíram 4,4%. Com as vendas em baixa, a queda na lucrativi- dade também é certa. Para garantir a sobrevi- vência dos negócios, proteger o caixa da em- presa se torna prioridade máxima. Reestruturar dívidas, buscar maior eficiência operacional, re- duzir estoques e adiar investimentos não essen- ciais são algumas das ações tomadas por va- rejistas atualmente. Nesse cenário, ganha cada vez mais força a transformação ou migração dos investimentos de aquisição (Capex) para o de lo- cação (Opex) nas companhias. Não há dúvidas de que a adequação de lojas para as novas regras de proteção e prevenção da covid-19 é um investimento essencial, além da segurança da própria loja. Ainda que os canais online tenham ganhado força, há lojas físicas, especialmente nos setores essenciais * Gustavo Carrer é gerente de Desenvolvimento de Negócios da Gunnebo como supermercados e farmácias, que perma- necem abertas e viram suas perdas crescerem de maneira expressiva. Há ainda que se consi- derar que em algumas regiões do país as opera- ções estão sendo retomadas gradualmente. Erros operacionais provocados pela pressão extra sobre a equipe e uma maior ocorrência de furtos, tanto internos quanto externos, expli- cam o aumento das perdas em até 120% em alguns supermercados. São prejuízos que já es- tão acontecendo e impactando os resultados no pior momento da história do varejo mundial. Por isso, o investimento em prevenção de perdas também se torna mandatório. O varejo talvez nunca tenha precisado tanto de liquidez. Apesar do que se noticia, mesmo com a Selic no valor mais baixo da história, o acesso ao crédito sofreu uma enorme restrição. Frente a essas dificuldades, o varejista se questiona se existe alguma forma de investir e proteger o cai- xa ao mesmo tempo. Estamos, novamente, diante um debate que já estava presente antes da pandemia: alugar ou comprar equipamentos? Capex ou Opex? Quais as diferenças entre as duas estratégias? O modelo tradicional de aquisição (Capex) im- pacta de imediato o caixa. O retorno virá no futuro, com o acúmulo das vantagens conquis- tadas pelo projeto. Quanto mais rápida for a im- plantação, maior a necessidade de capital. Já o modelo de locação (Opex) permite manter mais recursos disponíveis no caixa no momento mais crucial da crise e avançar com as melhorias essenciais para o negócio. Além disso, como no balanço financeiro a locação não é entendida como investimento, mas como uma despesa corrente (Opex), é possível abater até 34% do seu valor através de reduções no IRPJ e CSLL. Equipamentos de loja, bem como compu- tadores, impressoras, scaners, sistemas de CFTV, antenas EAS e, particularmente, tudo que depende de atualização de software, são os mais recomendados para transformar em locação, já que a inovação é constante e, através da modalidade, a renovação da tec- nologia é facilitada. O varejista começa a avaliar essa possibilidade que se coloca com ainda mais força em tempos de crise. Vemos que a pandemia está mudando paradigmas e acelerando a transformação digital. O conceito da Tecnologia como Serviço (TaaS, do inglês Technology as a Service) é uma solu- ção abrangente e flexível que agrupa hardwa- re, software e serviços em um único valor de mensalidade. E essa alternativa está se tor- nando cada vez mais comum, afinal, você pre- cisa ter a posse do equipamento ou os benefí- cios da sua utilização? OPEX Locação ou leasing Manutenção dos recursos do caixa da empresa (maior liquidez) Despesa operacional (benefícios fiscais) Utilização imediata dos equipamentos e investimento distribuído ao longo do tempo Reduz custos não previstos (manutenção e descarte) Permite a atualização, sempre que o produto ficar obsoleto (prazos contratuais) CAPEX Compra Impacto imediato no caixa da empresa Ativo fixo Investimento imediato e retorno a longo do tempo com a utilização dos equipamentos Assume custo de manutenção não previstos Assume a obsolescência dos equipamentos

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